Jacob Levy Moreno, criador do psicodrama, abordagem psicológica precursora de técnicas de ação em detrimentos de verbais, afirma de ser espontâneo é fator primordial de uma existência saudável.
Para o autor, grande parte das psico e sociopatologias estão relacionadas à falta de espontaneidade, ou seja, a incapacidade de ir além do pré-estabelecido; de ampliar o olhar e o repertório de respostas, transformando assim, situações e relações insatisfatórias.
De acordo com a teoria moreniana, o homem nasce espontâneo e deixa de sê-lo devido a fatores adversos do meio ambiente. A espontaneidade é frequentemente bloqueada pelo homem em função das normas e valores sociais previamente estabelecidos, as quais Moreno denomina conservas culturais.
Desse modo, o indivíduo perde a capacidade de criar e age através dos modelos que lhe foram apresentados no decorrer da sua vida.
Essas conservas culturais, surgem da ansiedade do homem em se assegurar diante do desconhecido e faz com que aja a partir de hábitos, costumes e rituais definidos pela cultura. Isso não é necessariamente ruim, pois fornece ao homem limites e parâmetros, viabilizando, inclusive, que ele se relacione. O que é prejudicial é o apego excessivo às conservas culturais, que sufoca a espontaneidade e capacidade criadora.
Segundo a teoria psicodramática o homem se constrói a partir das relações com os outros homens e com o mundo, e essa interação se faz a partir de um papel social.
A adoção de um papel social, culturalmente sugere ao homem condutas, mas não o impede de transformá-las já que além das expectativas culturais é modelado pela subjetividade de quem o exerce. Entretanto, as vezes as condutas se cristalizam. Assim surgem os preconceitos e os posicionamentos que, não raro, criam posturas rígidas e superficiais.
Não há dúvida de que validar nossas conservas culturais é bom, ao passo que vê-las desafiadas gera desconforto, especialmente quando se trata de crenças importantes ou profundamente arraigadas, cujo questionamento põe em conflito nossos valores e identidade. Por essa razão, todos nós tendemos a fugir dos argumentos que contradizem as nossas crenças; a rejeitar dissonâncias cognitivas.
É natural ao ser humano se agrupar entre os iguais, sejam de descendência, ideias, ou comportamentos, e rejeitar aqueles distintos de si.
No entanto, uma pessoa espontânea entende que para crescer e progredir, é necessário deixar muitas certezas; e permanecer aberta a novas oportunidades.
O estranhamento existe, pelo medo do desconhecido e instinto de preservação da identidade.
Não basta só ter consciência, é preciso evoluir a alma para aceitar diferenças e conviver em paz.
Gostamos de uns, rejeitamos a outros, porém, respeito, devemos a todos.