Sobre o Encontro
Moreno, criador da teoria psicodramática, abordagem psicoterapêutica que considera o homem como um ser que se constrói a partir das suas relações e prioriza o trabalho com grupos em detrimento dos individuais, utiliza o conceito de tele para definir o fenômeno de interação que ocorre entre seres em relação e pressupõe mutualidade e complementaridade. Trata-se de empatia de mão dupla.
Dentre todas as habilidades “praticáveis“, a empatia com certeza é a mais importante para o sucesso profissional e pessoal, além de torná-lo mais feliz e motivado enquanto a pratica.
A chave para ser empático é não julgar as outras pessoas, é se colocar no lugar do outro ao invés de pressupor algo a partir do seu referencial. Por isso, em geral, pessoas empáticas são menos preconceituosas.
Mas como praticar a empatia?
Moreno, propõe a técnica da inversão de papéis como forma de se colocar no lugar do outro e, a partir deste lugar, pensar sentir e perceber como este. Trata-se de um poderoso instrumento de ampliação da consciência que favorece o superação de conflitos e respeito as diferenças.
Ouvir e refletir sobre as motivações que levam o outro a pensar, sentir ou perceber o mundo de um “certo” modo, são ações que facilitam o se colocar no lugar do outro.
É preciso capacitar os seres humanos para aceitarem os outros, pois só assim podem ocorrer verdadeiros encontros.
Esse acontecimento especial, ao qual Moreno, denominou de encontro e que pode ser eventual e repentinamente experienciado, escapa a definições lógicas, mas foi descrito pelo autor no poema transcrito a seguir:
Um encontro de dois: olho no olho, cara a cara.
E quando estiveres próximo tomarei teus olhos
e os colocarei no lugar dos meus,
e tu tomarás meus olhos
e os colocará no lugar dos teus,
então te olharei com teus olhos
e tu me olharás com os meus.
Assim nosso silêncio se serve até das coisas mais comuns e nosso
encontro é meta livre:
O lugar indeterminado, em um momento indefinido, a palavra ilimitada para o homem não cerceado.
Essa criação poética transmite algumas mensagens, entre as quais destaco a disposição e a convocação para a proximidade, a proposta de uma vivência plena de troca, o empenho na compreensão mútua, a confiança na receptividade do outro, a acolhida do silêncio
que envolve o acontecimento e o afastamento das interferências que distorcem.
A medida que as distorções diminuem e a comunicação flui, vivemos relações mais saudáveis.